sexta-feira, 31 de julho de 2009



Subtração

Toma
O soma
Benzinho
Em Coma
Na vida
No sonho
Na Doce
Redoma
Perigo
Na rua
Tô longe
Da tua
Querias
Viver
O sol
A lua
Toma
Benzinho
O soma
E liga
E vive
Mentira
E vê
na caixinha
Teu corpo
Morrer
E sente
Enterrarem
Quem não
É você

Ricardo Villa Verde

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Por aí...

Lindo vestido azul
Lindo vestido, sei lá
Você se aproximou muito
Empunhando sua guitarra em meio a platéia

Som alto demais pra nós dois
Um abraço apertado
Flashes mais claros que a cor do papel
Onde tu ainda insistes em me olhar
Com um sorriso dopado

Sua imagem dentro de um álbum
E o que restou de você
Hoje, tão perdida dentro de si
Cai no lugar comum

Ricardo Villa Verde

Planeta Quase
Você repontou brilhando
Num recanto, sem me evocar
Mesmo assim ouvi seu canto
E vivi o que dizias
Foi tão forte tua luz
Que mostrava cinzas suspensas no ar
A todo momento eu as respirava
Sem sentir a rica mistura
E escrevia, talvez não o que vivia
Mas quase sempre o que queria
Você mudou a minha mira
Meu jeito de magicar
Mas é longa a estrada, querida...
Hoje eu quase vi um eclipse em mim
Sou quase feliz
E na caricata realidade
Tristeza e sorrisos
No calado caminhar
Entre tanto sentimento mutilado
Consegui chegar
Até a esquina
Onde o relógio não mostrava as horas
Mas apenas o que faltava
Para você acontecer

Ricardo Villa Verde

Astrum

Pelas portas do olhar
Esperava a tarde inteira
Por qualquer coisa
Que fosse diferente
Daquilo que tencionava
E pensava em ondas
Flutuando no tempo
As vezes sentia-se
Areia ao vento
E ao compor-se
Só uma ampulheta vazia
Achava que o poema quebrara a perna
Já não andava na cabeça das pessoas
Poemas tão leves
Indo e vindo, velozes
E quando ainda rascunhos
Brisas já os carregavam
Formando, em algum lugar
Estrofes, que escapavam de suas mãos
E nos crepúsculos mais cinzentos
Recebia e musicava
Versos escritos pelos
Punhos da imaginação

Ricardo Villa Verde


A faísca do Comuna

Navegando para a ilha encontramos
Uma pequena garrafa mensageira
E ao tirar a rolha nos deparamos
Com agulha de bússola verdadeira

LIBERDADE ME TRANSBORDA E ME FASCINA
SANGUE E SUOR SÃO AS MARCAS DESTA SINA
O MILAGRE E A ÁGUA EU COMPARTILHO
TENHO O FEIJÃO E UM AMIGO O MILHO
FLERTO COM O SOL E NAMORO A CHUVA
NAS PISADAS, RIMOS DO DESTINO DA UVA
MARTELO CRIA AÇO E FOICE TRAZ O PÃO
COM AMOR DIÁRIO E IGUALDADE ENTRE IRMÃOS

Obrigado companheiro Comuna
Seguiremos avante
Até ancorarmos nela...
A minha
A nossa
A sua.

Gordack


terça-feira, 28 de julho de 2009


O FRUTO DO COMUNA

E brotou na lacuna
A rosa do comuna
Na derme rasgada pelo espinho
Conheço o doce caminho
Parte plural da espuma
Nos marés do ninho
Todos iguais na escuna
Em busca da ilha
Minha
Nossa
Sua.

Gordack

sábado, 25 de julho de 2009


O ADEUS DE UM COMUNA.

Fui condenado à morte
Mataram-me em poucos instantes
Meu crime foi o pior de todos
Ser eu mesmo para mim próprio
Descobri a realidade que escondiam
Salvei-me a tempo
Divulguei minha visão
Opinei em todas as direções
Mas, em alguns momentos
Os riscos na mente afloraram
Não recuei da trincheira cavada
Manifestei a luz
-Duvidem de tudo, descubram o velado, olhem em todos os ângulos, crie seus conceitos, o bastante par...
Ouço o barulho do cadafalso se abrindo
Só sinto uma pressão na cabeça...
...Cortaram-me as flores do funeral
Economizaram na cal...
...mas que tipo de madeira é essa?
Ninguém veio na despedida
Sou muito mais culpado
Do que eu imaginava
Tudo rola na memória
E agora sou um traidor morto
Das verdades absolutas
E um herói vivo
Das mentiras rasas
Porém, meu legado já brota em alguns...

Gordack

quinta-feira, 23 de julho de 2009


Fatum


No momento que se é brotado,
já se sabe do encontro inevitável.
O quando acontecer é a dúvida.
Espero encontrá-la com vivência suficiente
para ofertar um belo jantar à luz de velas.
E demonstrar todo o respeito que a experiência dos idos me ensinou.
Vou vestir minha melhor roupa.
E não esquecerei as duas moedas, úteis para a travessia.
Agarrado em seu vestido de cetim olharei apenas para frente.
Aos que não me testemunharem mais, deixarei o legado.
Enquanto não sinto o seu doce beijo amargo
Lavo-me com os prazeres que aqui encontro.

Gordack

sábado, 18 de julho de 2009


O poema é você

A letra se torna repetitiva
Para o poema
A letra se torna o dilema
A frase mais curta
Não se encaixa
A palavra certa
Quase não se acha
Objetivo quebrado
Dentro da construção
Quebrado ou não
Faz da poesia
Barraco ou Mansão
Miséria e Ilusão
Banquete ou prato vazio
Na mesa e na memória do irmão
Popular ou banal
Místico, mágico ou surreal
Socializando, na ideologia seguida
A mão estendida nos versos
Salvando mais uma alma


Ricardo Villa Verde

sexta-feira, 17 de julho de 2009


Culpa?!?!?!

O sangue já lhe escorria a face, e a respiração era ofegante e complicada: nariz quebrado. Perdera dois incisivos, o celular e a esperança. Acuado na lixeira desesperou-se ao ver o combustível chegando, seria vítima da contemporânea inquisição da comunidade. Entre o choro compulsivo e os gritos de piedade conseguia-se ouvir os murmúrios de uma oração. Senhoras de idade avançada não agüentavam observar um fim de vida tão cruel e tão aclamado pelos jovens, que assistiam eufóricos ao castigo. Os olhos abertos e vidrados das crianças mesclavam em direções opostas, de um lado o algoz apoiado e incentivado por uma mulher em período de gestação avançada e que trazia em seu colo uma pequena criança sem roupa, e do outro lado o futuro cadáver. Um homem deselegantemente trajado com terno e gravata levanta um bíblia e pula para o meio do palco chamando a atenção de todos os espectadores, ajoelha-se e grita.
-Sangue de Jesus tem poder! Jesus, segura a mão desse irmão!
Talvez a salvação tenha chegado por intermédio da prece do moribundo ou da presença do sagrado papiro ou ainda do puro azar do homicida. Sirenes e luzes, tiros para o alto, correria total. Salvo por um telefonema. Sujo de gasolina, sangue e lágrimas o elemento é amparado pelos homens da lei.
Passaram-se dias e dias e dias. Já tinha outra vida e essa era a nova ordem. Era um novo homem, freqüentador assíduo da igreja do seu novo bairro em sua nova cidade, casado um uma mulher do lar, tinha agora um enteado, um filho na barriga, e o que julgava mais importante a libertação do álcool. Trabalhador padrão do mercadinho local era querido pelos clientes e pelo patrão. Politicamente correto nas opiniões colocadas diante de enquetes dúbias, ponderado, educado, responsável, sociável e um bom chefe de família. As prazerosas chuteiras há tempos estavam penduradas, mas não deixava de levar o enteado no campinho de futebol aos domingos, o sonho do garoto era ser goleiro.
Ao voltar da igreja com a família naquela noite tudo era cotidiano e feliz, mas esta harmonia não demoraria. Ao virar uma esquina encontrou o Capeta, sim o Capeta, mais precisamente Pedrinho Capeta. A mulher e a criança não compreenderam a reação do acompanhante. Ele parou de falar e tremeu curvando-se para a direita como se uma agulha quente lhe fosse enfiada na espinha, mudo suou frio, e esbugalhou os olhos, seu pulmão parou e não conseguiu engolir a saliva. Essas reações duraram apenas dois segundos, tempo necessário para o seu antigo algoz sacar a arma da cintura e disparar quatro tiros de revolver no rosto de Batista. A mulher gritou como quem quer expulsar a alma pela boca, enquanto o corpo caía e o sangue voava. O assassino correu e ouviu-se o cantar dos pneus. A mulher continuava a gritar com as duas mãos na cabeça, segurando com força os cabelos, um pouco acima das orelhas, e o menino debruçado sobre o corpo sem vida berrava chorando.
-Paaai...Paaai...num morre não...Paaai!
Após horas Pedrinho Capeta chega a sua humilde morada. Sua anosa mãe o aguarda acordada, junto com os outros familiares. A carismática senhora lhe indaga. E o bom filho responde.
-Foi pro inferno mainha.
A matriarca cerra os punhos, levanta os braços para o alto, fecha os olhos e dispara.
-Graças a Deus!Graças a Deus! Muito obrigada meu filho.
Toda a família se abraça e chora de alegria. Agora todos eles já poderiam dormir em paz. Finalmente foi vingada a doce menina de puros dez anos de idade, sobrinha de Capeta, que fora estuprada e morta por Batista.

Gordack

quarta-feira, 15 de julho de 2009

desafinada


Veneno
Depois do medo eu acordei
Depois da noite
Depois da morte
No espelho,sorri
Tenho Sorte
Minhas Catedrais
Meus Desertos
Minhas Florestas
A tarde se anuncia
Me desconheço
Crio coragem
Me Transformo
Em mim mesmo

   Ricardo Villa Verde

segunda-feira, 13 de julho de 2009


É fácil.


Jogar tudo para o alto é uma boa saída
Ficar preso é deixar a vida morta
Quem julgará o errado, a trilha torta
Você ou outro: qual a alma que está partida?
Sem coragem pegue o pulso, a faca, e corta
Mas existe solução até para essa fadiga
Grite alto a dor e coloque as contas na mesa
Não vivo sem, mas não sou escravo, muito menos uma presa
Haaa que beleza,
Amanheceu, estou feliz de novo
Nem mesmo o amor se tronará estorvo,
Estou arrebentando a casca do ovo
E agora me pergunto,
Rindo, rindo e rindo
Por qual motivo de tanto tempo juntos?

Gordack

VÁRIAS VELAS



E de posse do evangelho
Virou-se para Meca e
Rezou uma Ave Maria
Pediu forças para Ogum
Pensou no seu bar mitzva
Deu alguns passos e
Meditando, limpou os chacras
Sentencio-se...

-Seguirei os caminhos de Buda



Gordack

Ímprobo.


Grito na noite calada
A revolta dos dias escuros
E na insônia do discurso
A luz é meu ouvido
Basicamente abstrata
No auge da droga que
Na hora pós-crepuscular
Chora e me maltrata
Gordack

sábado, 11 de julho de 2009

Domingo
Hoje é domingo
Acordei,abri o guarda-roupas e saí por aí,trajado de domingo
Meus passos deixavam pra trás um rastro repleto de ressentimentos
Outrora tudo era belo
Mas o nosso amor começou depois de outrora
Senti algo florescer dentro de antigas ruínas
Colcha de retalhos...
Hoje eu procuro um refúgio
Construo um abrigo
Mas volta e meia, goteiras continuam me molhando.


Ricardo Villa Verde

Trópicos de Aquário


Cascatas de luz em espiral
Com olhos de lagoa, ao chão
Servidos de forma parcimonial
Eu e o leão, a águia e o cão

Céu laranja, florestas equinociais
Matas azuis, rasas e gigantes
No carpete da sala de seus pais
Monto ácaros, tal como elefantes

Um belo arco íris como clichê
Informo à lua que não estou mal
Bebo a loucura em forma de saquê
Retiro do sangue o gosto fatal

Cena zero: Caindo no abismo
Sem exclamação, ponto ou trema
Mergulho no nada fazendo turismo
Sem risco de estragar o poema

Ricardo Villa Verde

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sobre nós



Éramos chuva

E de tanto cair

Desisti de cair

E quando caía

Escorria

Pra longe de mim

Pra dentro de ti

Pro olho do fim


Ricardo Villa Verde

Céu líquido

Saltitante tainha no espelho-mar
Virtude maior no engodo errado
Ponteiros vis em ostracismo fadado
Maré é sina na pele a me acalmar

Servo anoso de canoa e de rede
Luta eólica pra casco aportar
De remos vagarosos e sem sede
É fardo longo a vida a labutar

As mãos de Iemanjá dão prazer
O Pai com o dedo a me apontar
Aguardo à hora certa do jazer

Na ultima puxada quilos vou levar
Desejo que a lua não desencante
Para as crias de este homem lembrar


Gordack

Amoreco


Chegou afoita como sempre
Entrou séria e saiu contente
Os olhares frios eram as respostas
E nos meus suspiros eu via as costas
Em uma hora boa eu acredito
Trazendo mudanças no conflito
...o tic tac avisa, é tarde...
...barulhos?!?
Abro a janela e é ela
...tiros...
Amante filho da p...!!!!
Tirou-me o céu
Meu ultimo beijo é em morte
Chorei, chorei, chorei...

Gordack
XXI


VIDA MINHA RUA

RETA TORTA CURTA

NAMORO SÓ LUA

LÁ ELA SURTA

EXTINTA PAIXÃO SUA

ESPERANÇA MEDO FURTA

Gordack

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Aposta


Viajava em alta velocidade
Colidi num muro de concreto
Perdi apenas um dedo
De resto, tudo foi encontrado
Uma perna aqui, um braço lá
A cabeça nas nuvens
E o muro, eu pergunto:
Por que quiseste sê-lo?

Ricardo Villa Verde
I

Pessoa:
Ecoa
E soa
Dentro
Da boa
Pessoa.

Gordack

terça-feira, 7 de julho de 2009


Cubo


Nos meus dias de pólvora
Não há tempo para explodir
Nos meus dias de lança
Quem sangra sou eu
Entre ônibus, faces e rascunhos
Pago à prazo, minha felicidade
A cada momento, um cásulo esquecido
Construo caminhos
Que vão dar até onde posso ir
Não acredito nem em minhas palavras
Minha alma é concreto, em qualquer lugar
Em pequenos instantes que fogem de mim
A noite, da estratosfera, aceno
Num sono desbotado e debochado
Onde tudo é real, exceto o dia seguinte


Ricardo Villa Verde

Hasta Siempre



Aprendimos a quererte
Desde la historica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerco a la muerte 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa
Donde esperan la firmeza
De tu brazo libertario


Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

(hablado)
Seguiremos adelante
Como junto a tí seguimos
Y con Fidel te decimos
Hasta siempre Comandante 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Aquí se queda la clara
La entrañable transparentia
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara 

Che: " Esa hora irá creciendo cada día que pase, esa hora ya no parará más".

GARRAFAS AO MAR
Sinto- me ilhado do cabedal
Cá não conhecem os Hollandas
Darcy é desconexo de todos
Neste mundo sou mudo 
E em certos casos prefiro,
Ser surdo
Se acaso falo de Machado
Este não corta sentimento algum
E se por emoção lembro um poema
Queimam a palmeira e matam o sabiá
Existe apenas o raso da coisa rasa
Não sinto xifopagia aqui
Tenho que sair desta prisão
Peço o repatriamento por coerência
Prometo partir usando Cartola 
E entoar na viagem bossamente o Tom.

Gordack



Gaveta

Que psicose é essa que anda ao meu lado nas horas de folga?
Será que criamos uma amizade? peço mais um copo?
Sofro por tudo que me cerca, tudo que me toca.
Dá vontade de correr, de doer, de não perceber.
As vezes me espalho, doce espantalho, sem rosto, só corpo.
Noutras me reagrupo, loucura, alegria e fardo.
Pequena gota de mercúrio, me desfaço, perco a métrica, depedaço.
Quem está perto não interpreta...
Meus cacos vagam pelo espaço.
Com o que é meu, não consigo elo.
Perco a propriedade de tudo que é belo.
O que tenho me foi delegado?
Atribuição divina ou insanidade?
Mentira ou verdade?
Quem implica, conspira e explica?
Amanheceu cedo.

Ricardo Villa Verde