terça-feira, 26 de outubro de 2010

 

Eterno Presente

 

   Preâmbulo: fragmentos de um manifesto qualquer , pensamentos em estampas, que tem como título : Eterno Presente, que também é o nome de uma teoria que acredita que tudo que existe, inclusive o próprio mundo, é um evento que já aconteceu, logo, vivemos baseados na nossa medida de tempo em relação a isso: daí o dom da precognição, que existe em alguns seres, explica por que os mesmos têm a capacidade de ver o que ainda vai acontecer.

   Não há perspectivas de uma revolução futura. Nas fábricas, além do pensamento encarcerado, apenas o apertar de parafusos e ajustes de peças, que não se encaixam na proposta de salvação – do  homem pelo homem.

   A cada dia que passa os ratos ficam mais ensaboados às ratoeiras!

   A liberdade tem seu valor maior estipulado pelo uso que fazemos dela, então, não somos livres. Escrevo isso sentado em uma cadeira que é o último lugar que eu gostaria de ocupar agora.

   Precisamos buscar a unificação longe do que é determinado e apertar o gatilho com carinho e cuidado, para conseguir desalienar o homem máquina.

   Nossos atos mêcanicos precisam passar para o nível de ações ideológicas. Até um aperto de mão precisa ser redefinido para que saibamos como originou-se e a simbologia que carrega hoje.

   Baseado no passado projeto meu futuro.  Tocamos o mundo apenas de maneira parcial, então me protejo, descubro que sou o projeto e novamente me projeto na conquista do maior presente: o agora

   Nunca mais me fracionei e isso fez a loucura transparecer aos olhos dos loucos que me cercam. Os brados da massa é só um foco concreto de reflexos condicionados, até o grito de gol é mecânico, previsível e com duração estipulada, eles se julgam normais.

   O jogo foi limitado, a festa foi limitada, limitaram sorrisos. Pai e Mãe, amigos, amantes, irmãos... Continuamos sozinhos.

   Acreditar na salvação do homem pelas máquinas fez anjos chorarem,com ou sem caos, estaremos lutando em todo lugar.

Ricardo Villa Verde

terça-feira, 12 de outubro de 2010




ORDENHA PRÓPRIA

O oloroso sebo que amenizava a distância entre o vento e tuas madeixas
Revelou-se num breve bingo
Contrastando-se com o brilho carnudo do batom
Em filas que agora percebo desordenadas saúdam-me os marfins
Em colo farto, tendências distintas inspiram ancas detentoras de doces convites
Oníricos onde se imagina ter ou não ter nos dentes o fio púbico
E a incredulidade do seu olhar abriu lacuna
E já não sinto as agulhas do seu salto costurar o meu concordo
Não atravesso mais a rua, o assobio não é mais o meu
Com graça em canto de boca, aceito o seu passaporte de látex
Furo o iole e volto ao cais com braçadas calmas
Quando se afoga o motor todas as popas são iguais.

Gordack

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

 

Até abrir caminho pro paraíso

Às vezes sou eu lírico
Às vezes sou eu mesmo
Algumas etílico
Noutras tiro a esmo
Sou um louco preso ao jogo
De ter nascido nessa era
O fogo que me consome
É o de minha quimera
Sinto-me seta
Na imensidão azul
De norte a sul
Apontando pra outro planeta
Quando deito no teu peito plural
Eu sou o cometa
E sinto a singularidade
Que só sente quem ama
Meu grito vogal
Já não mente
Não é dor, nem chama
Quem se habilita
A ser amabilissíma?

Ricardo Villa Verde